sexta-feira, 8 de outubro de 2010

ELEIÇÕES 2010 E OS APROVEITADORES DA BOA FÉ E DA CREDULIDADE EVANGÉLICA


Rev. Sandro Amadeu Cerveira (02/10/10)

Talvez eu tenha falhado como pastor nestas eleições. Digo isso porque estou com a impressão de ter feito pouco para desconstruir ou no pelo menos problematizar a onda de boataria e os posicionamentos “ungidos” de alguns caciques evangélicos. [1]
Talvez o mais grotesco tenham sido os emails e “vídeos” afirmando que votar em Dilma e no PT seria o mesmo que apoiar uma conspiração que mataria Dilma (por meios sobrenaturais) assim que fosse eleita e logo a seguir implantaria no Brasil uma ditadura comunista-luciferiana pelas mãos do filho de Michel Temer. Em outras o próprio Temer seria o satanista mor. Confesso que não respondi publicamente esse tipo de mensagem por acreditar que tamanha absurdo seria rejeitada pelo bom senso de meus irmãos evangélicos. Para além da “viagem” do conteúdo a absoluta falta de fontes e provas para estas “notícias” deveria ter levado (acreditei) as pessoas de boa fé a pelo menos desconfiar destas graves acusações infundadas. [2]
A candidata Marina Silva, uma evangélica da Assembléia de Deus, até onde se sabe sem qualquer mancha em sua biografia, também não saiu ilesa. Várias denominações evangélicas antes fervorosas defensoras de um “candidato evangélico” a presidência da república simplesmente ignoraram esta assembleiana de longa data.
Como se não bastasse, Marina foi também acusada pelo pastor Silas Malafaia de ser “dissimulada”, “pior do que o ímpio” e defender, (segundo ele), um plebiscito sobre o aborto. Surpreende como um líder da inteligência de Malafaia declare seu apoio a Marina em um dia, mude de voto três dias depois e à apenas 6 dias das eleições desconheça as proposições de sua irmã na fé.
De fato Marina Silva afirmou (desde cedo na campanha, diga-se de passagem) que “casos de alta complexidade cultural, moral, social e espiritual como esses, (aborto e maconha) deveriam ser debatidos pela sociedade na forma de plebiscito” [3], mas de fato não disse que uma vez eleita ela convocaria esse plebiscito.

O mais surpreendentemente, porém foi o absoluto silêncio quanto ao candidato José Serra. O candidato tucano foi curiosamente poupado. Somente a campanha adversária lembrou que foi ele, Serra a trazer o aborto para dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) [4]. Enquanto ministro da saúde o candidato do PSDB assinou em 1998 a norma técnica do SUS ordenando regras para fazer abortos previstos em lei, até o 5º mês de gravidez [5]. Fiquei intrigado que nenhum colega pastor absolutamente contra o aborto tenha se dignado a me avisar desta “barbaridade”.
Também foi de estranhar que nenhum pastor preocupado com a legalização das drogas tenha disparado uma enxurrada de-mails alertando os evangélicos de que o presidente de honra do PSDB, e ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso defenda a descriminalização da posse de maconha para o consumo pessoal [6].
Por fim nem Malafaia, nem os boateiros de plantão tiveram interesse em dar visibilidade a noticia veiculada pelo jornal a Folha de São Paulo (Edição eletrônica de 21/06/10) nos alertando para o fato de que “O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, afirmou nesta segunda-feira ser a favor da união civil e da adoção de crianças por casais homossexuais.” [7]
Depois de tudo isso é razoável desconfiar que o problema não esteja realmente na posição que os candidatos tenham sobre o aborto, união civil e adoção de crianças por homossexuais ou ainda a descriminalização da maconha. Se o problema fosse realmente o comprometimento dos candidatos e seus partidos com as questões acima os líderes evangélicos que abominam estas propostas não teriam alternativa.
A única postura coerente seria então pregar o voto nulo, branco ou ainda a ausência justificada. Se tivessem realmente a coragem que aparentam em suas bravatas televisivas deveriam convocar um boicote às eleições. Um gigantesco protesto a-partidário denunciando o fato de que nenhum dos candidatos com chances de ser eleitos tenha realmente se comprometido de forma clara e inequívoca com os valores evangélicos. Fazer uma denuncia seletiva de quem esta comprometido com a “iniqüidade” é, no mínimo, desonesto.
Falar mal de candidato A e beneficiar B por tabela (sendo que B está igualmente comprometido com os mesmo “problemas”) é muito fácil. Difícil é se arriscar num ato conseqüente de desobediência civil como fez Luther King quando entendeu que as leis de seu país eram iníquas.
Termino dizendo que não deixarei de votar nestas eleições.
Não o farei por ter alguma esperança de que o Estado brasileiro transforme nossos costumes e percepções morais em lei criminalizando o que consideramos pecado. Aliás tenho verdadeiro pavor de abrir esse precedente.
Não o farei porque acredite que a pessoa em quem votarei seja católica, cristã ou evangélica e isso vá “abençoar” o Brasil. Sei, como lembrou o apóstolo Paulo, que se agisse assim teria de sair do mundo.
Votarei consciente de que os temas aqui mencionados (união civil de pessoas do mesmo sexo, descriminalização do aborto, descriminalização de algumas drogas entre outras polêmicas) não serão resolvidos pelo presidente ou presidenta da república. Como qualquer pessoa informada sobre o tema, sei que assuntos assim devem ser discutidos pela sociedade civil, pelo legislativo e eventualmente pelo judiciário (como foi o caso da lei de biossegurança) [8] com serenidade e racionalidade.
Votarei na pessoa que acredito representa o melhor projeto político para o Brasil levando em conta outras questões (aparentemente esquecidas pelos lideres evangélicos presentes na mídia) tais como distribuição de renda, justiça social, direitos humanos, tratamento digno para os profissionais da educação, entre outros temas. (Ver Mateus 25: 31-46) Estas questões até podem não interessar aos líderes evangélicos e cristãos em geral que já ascenderam à classe média alta, mas certamente tem toda a relevância para nossos irmãos mais pobres.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Atenção com mentiras na Internet

Atenção com mentiras na Internet

Recebemos um contato direto do candidato à Vice-Presidência da República, Michel Temer. O presidente da Câmara, parceiro de chapa de Dilma Rousseff, leu nossa postagem sobre Daniel Mastral e resolveu falar conosco. 
Para dirimir todas as dúvidas, esclarecer todos os fatos relacionados à religiosidade de Michel Temer, vamos esclarecer uma-a-uma as inverdades colocadas na internet. E vamos mostrar informações respaldadas e com fontes.

Daniel Mastral - Todos os boatos têm como personagem principal, Daniel Mastral. Hoje, ele é um respeitado líder evangélico. Ele se diz ex-satanista. Os boatos dão conta de que ele é filho de Michel Temer. E essa é a mentira mais fácil de se desfazer. Em recente entrevista,  o próprio Mastral nega que tenha parentesco com o político (link: http://is.gd/ffeki). Michel Temer tem três filhas adultas, dois filhos pequenos e nunca foi questionada a paternidade por outra pessoa (link: http://is.gd/edqX0). A mãe de Mastral também negou o boato (link: http://is.gd/ffefe). Então, a força das especulações já termina apenas com estes desmentidos. Mas, vamos seguir adiante.

Religiosidade - Michel Temer é de uma família católica. E seguiu os passos que qualquer pessoa desta religião segue a partir do batismo. Depois de formado, tornou-se Doutor em Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Além deste vínculo com uma instituição religiosa de ensino, Temer mantém sua vida religiosa, mesmo durante a campanha (link: http://is.gd/ffmBM).

Respeito às religiões - Entre os e-mails e mensagens na internet que tentam difamar Michel Temer, alguns prometem que ele vai limitar a liberdade de culto dos brasileiros. Pois, é justamente o contrário o que ele tem feito na vida pública. Como presidente da Câmara dos Deputados, Temer colocou em votação a Lei Geral das Religiões. Ela prevê liberade total de culto, ensino religioso obrigatório nas escolas públicas e incentivos fiscais para a construção de templos (link: http://is.gd/ffls2). 

Reconhecimento dos fiéis - Como homem de espírito religioso, líder de todos os brasileiros, respeitador de todas as religiões, Michel Temer tem sido homenageado por diversas religiões. A igreja evangélica Assembléia de Deus escolheu a candidatura de Temer à vice-presidência da República (link: http://is.gd/fffFl). E várias declarações de apoio foram feitas neste ano, especialmente no Distrito Federal, Rio de Janeiro e Minas Gerais (link: http://is.gd/fffpV). A maior igreja evangélica do país jamais se prestaria a honrar um líder que fosse contrário à pregação que faz. E representantes de outras igrejas também se colocam contra esta difamação (link: http://is.gd/ffkpA).

Líderes do mundo - Michel Temer já se encontrou com líderes religiosos de diversas partes do mundo, dos mais diferentes matizes espirituais. Por exemplo, encontrou-se com o Papa João Paulo II, no Vaticano. Esteve lado-a-lado com o líder esperitual dos tibetanos, Dalai Lama, tido como o próprio Deus para o povo daquela região da Ásia (link: http://is.gd/fffcg). 

Currículo versus difamação - O que pretendemos demonstrar aqui é que o currículo de Michel Temer já seria suficiente para anular a boataria sobre satanismo. Mas mostramos também que os fatos falam por si mesmos. E que não há sequer uma infomação concreta que sustente a farsa difundida pela internet. 

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Teólogo nega ligação de Michel Temer com satanismo

Teólogo nega ligação de Michel Temer com satanismo

Um email que está circulando pelo Brasil acusa o vice da candidata do PT Michel Temer de ter ligações com o satanismo. O texto faz ameaças aos evangélicos, caso Dilma seja eleita. O teólogo Mariel M. Marra, em seu blog Ponto Crítico, diz que o boato é um factóide com intuito de confundir e manipular os cristãos.
Marra diz que o email trata-se de uma campanha apócrifa. “Em hipótese alguma Deus aprova a mentira, mesmo que ela seja utilizada para atrair pessoas para Cristo ou tomarem uma atitude supostamente correta, tal como votar neste ou naquele político de Deus”, destaca o teólogo, que freqüenta a Igreja Batista.
Michel Miguel Elias Temer Lulia nasceu em Tietê (SP), no dia 23 de setembro de 1940. Sua família, católica, imigrou do norte do Líbano, em 1925. Temer é formado em Direito pela tradicional Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Doutorou-se pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo e dirigiu o curso de pós-graduação da Faculdade de Direito da PUC-SP.
Temer foi criado na igreja, como podemos acompanhar em seu depoimento sobre temperança, em seu site www.micheltemer.com.br. É cristão e o principal interlocutor da chapa de Dilma Rousseff com os líderes religiosos.
Parte do boato que liga Michel Temer ao satanismo deve-se a um e-mail de origem desconhecida que circulou na internet em Março de 2009. Este email dizia que a líder evangélica Itioka, do Ministério Ágape Reconciliação, estava sendo ameaçada por Michel Temer. O mesmo email dizia também que Michel Temer seria o pai de Daniel Mastral, o polêmico escritor de livros evangélicos e suposto ex-satanista.
Sabe-se, no entanto, que logo após a circulação desse e-mail entre os evangélicos, a autoria dele e seu conteúdo foram NEGADOS pelo Ministério Ágape Reconciliação, o qual, em nota divulgada em seu site oficial, afirmou tratar-se de BOATO usando o nome da Dra. Neuza Itioka. Daniel Mastral também RECHAÇOU qualquer parentesco com Michel Temer. A mentira é o mais vil dos pecados.